À frente da Biblioteca Braille, Loniel Leal é exemplo de determinação

Por: Thuanne Souza (Programa de Estágio)

Foto: Fernando Abreu

Em 1985, foi implantada a Biblioteca Braille Municipal de Sorocaba, fundada pelo deficiente visual Loniel Leal, que veio de São Paulo com o projeto que impulsionou a acessibilidade na cidade na época e desde então, vem caminhando junto com a tecnologia para beneficiar os que mais necessitam.

Hoje, 33 anos depois, Loniel continua como servidor público, trabalhando na Biblioteca Braille que fica junto à Biblioteca Municipal “Jorge Guilherme Senger”. No espaço realiza atendimento e monitoramento e se orgulha por ver que o Braille está sendo mais difundido e recebendo mais atenção por parte das leis. “Antigamente Sorocaba atendia toda a região. Com mudanças na lei, benéficas às pessoas com deficiência, agora cada cidade tem que ter pelo menos algum serviço gratuito para esse público poder estudar”, explicou o servidor.

A unidade possui um acervo de 405 títulos impressos em Braille (sistema de escrita tátil utilizado por pessoas cegas ou com baixa visão) e 409 títulos de livros-áudio nos mais diversos gêneros, como ficção, romance, literatura infantil, poesia, contos, etc, além dos equipamentos tecnológicos como a ‘Lupa Eletrônica’, que amplia em uma tela as letras dos livros para pessoas com baixa visão e o ‘Sacanner com Voz’, que converte documentos impressos em áudio, transformando textos em voz e dando a possibilidade de salvar para ouvir posteriormente em outro dispositivo.

Loniel Leal reforça sua satisfação com o avanço do Braille na tecnologia presente nos computadores e smartphones, permitindo que a pessoa com deficiência visual tenha melhor acesso aos estudos. “Antigamente precisava-se de um livro específico para fazer um vestibular e não o encontrava em Braille e nem meios de trazê-lo para essa escrita, mesmo deslocando-se para longe. Hoje em dia, pode-se baixar os áudio-livros em celulares e notebooks, diretamente de uma biblioteca virtual. Além disso, ao invés de utilizar a Reglete, um dos primeiros instrumentos criados para a escrita tátil, o estudante digita no seu notebook e posteriormente imprime em Braille”, complementa.

Além de cuidar da Biblioteca Braille, o servidor também ministra o curso que ensina a ler e escrever em Braille, que acontece uma vez por semana na Biblioteca Municipal. Essa já é a terceira turma que participa das aulas, e teve uma grande procura por professores da Rede Municipal e Estadual de Ensino, que buscam aprender para ajudar os alunos com a limitação da visão que estão em sala de aula. Mas ao se inscrever já recebem a orientação do professor: não basta anotar, é preciso praticar para decorar o ponto que se refere a cada letra.

“A Prefeitura tem as impressoras Braille, mas, o professor não sabe trabalhar com isso. É muito importante a procura deles em realizar uma preparação como essa, para que possam oferecer uma assistência de aprendizagem melhor às crianças. Esse inclusive era meu sonho de infância”, recorda Loniel.

E dentre os seus sonhos e objetivos que ainda quer cumprir está uma Biblioteca Braille individual e mais ampla, para oferecer cursos às pessoas com deficiência, como o de encadernação e marcenaria, e tirá-las do convívio apenas com a família, proporcionando melhor qualidade de vida, incluindo-as na sociedade e aumentando suas relações sociais como qualquer outro indivíduo.

Ele conclui encorajando as pessoas com deficiência visual a se incluir na sociedade e não criar obstáculos a si mesmo. “No início, eu mesmo ia até a biblioteca com motorista particular e tinha mais mordomias, mas, com o passar do tempo, comecei a ir trabalhar de ônibus por opção, pois assim, não perco o contato com as pessoas na rua, no próprio ônibus e aumento minhas relações sociais, mesmo que seja mais complicado”, finalizou.

 

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