Atleta sorocabano conquistou bronze no halterofilismo do Parapan 2019, em Lima
Por: Renato Monteiro
É de Sorocaba um dos medalhistas brasileiros dos Jogos Parapan Americanos encerrados mês passado em Lima, no Peru. Christian Porteiro, 42, foi bronze na modalidade halterofilismo para atletas com mais de 107 quilos, levantando 168 quilos (ele chegou a levantar 176 quilos, o que lhe garantiria a prata, mas a marca não foi validada). Os atletas, que têm membros inferiores amputados e/ou lesão medular, competem deitados sobre uma prancha e executam um movimento chamado supino. “Quando saiu minha classificação, eu tremi igual vara verde”, brinca o atleta.
Christian recebe apoio da Prefeitura de Sorocaba, por meio do Fundo de Apoio ao Esporte Amador (Fadas). No domingo passado (dia 15), participou da terceira etapa regional do Circuito Loterias Caixa onde saiu com o primeiro lugar, após levantar 176 quilos. No ano passado, nos Jogos Regionais disputados na cidade, foi campeão no lançamento de disco, dardo e peso. Desempregado, o atleta voltou a estudar (faz pós-graduação em Citologia Oncótica) para melhorar suas possibilidades de retorno ao mercado de trabalho. Hoje faz serviços de digitação, mas como freelancer.
O esporte entrou na vida do, hoje, medalhista meio que por acaso. Christian relaciona a mudança na sua vida com seu “segundo nascimento”, que é como ele chama o grave acidente de trabalho sofrido em 2003 e que resultou na necessidade da amputação femoral da perna direita. “Os médicos chegaram a duvidar que em sairia vivo da cirurgia, tamanha a gravidade da lesão que eu tinha sofrido”, relembra.
Vencida a etapa da recuperação da saúde, o atleta conhece o halterofilismo quase que sem querer. “Nunca tinha entrado em uma academia”. Em 2007, ainda amador, compete pela primeira vez numa prova de halterofilismo com atletas sem amputação e conquista o segundo lugar no Campeonato Paulista de Levantamento de Peso.
A partir daí sua relação com o esporte não para. Ainda como atleta amador, compete na Argentina e no Uruguai e alça voos mais altos em 2016, depois de ser convocado para a Seleção Brasileira. De lá para cá, esteve na Hungria, França, Colômbia e, mais recentemente, no Peru, onde conquistou um bronze parapan americano.
Christian lembra que os jogos de Lima aconteceram quando ele vivia uma fase em que, apesar do treino diário, ele sentia que estava perdendo a força. “Cheguei a ficar doente com a falta de evolução”, diz ele, revelando seu estado de espírito durante a competição. “Só voltei a acreditar quando saiu a classificação. Aí eu tremi igual vara verde. E nem consegui sair na foto oficial do halterofilismo, de tanta gente que me cercava”, relembra emocionado.
Agora, Christian tem planos e a esperança de conseguir uma vaga na equipe paralímpica que competirá em Tóquio, em 2020, e também quer estar presente no Parapan do Chile, em 2023. “Sonhem. É possível. Eu não esperava atingir esses resultados e, mesmo assim, cheguei lá”, ensina nosso medalhista de bronze.