Deficiência não impediu a GCM Maria de superar dificuldades e realizar-se profissionalmente

Por: Letícia Campos

Foto: Fernando Abreu

No momento em que a Secretaria da Cidadania e Participação Popular (Secid), da Prefeitura de Sorocaba, desenvolve uma série de atividades alusivas à Semana Municipal de Inclusão e de Luta da Pessoa com Deficiência, vem da recepção do 6º andar do Palácio dos Tropeiros um exemplo de superação de vida. Sentada ali, na recepção do gabinete da prefeita Jaqueline Coutinho,  Maria Aguiar é sorrisos e a certeza de ter chegado, também, à realização profissional. Por meio de concurso, há 16 anos ela ingressou na Guarda Civil Municipal (GCM) conquistando seu espaço no sistema de vagas reservadas para pessoas com deficiência (PcD).

Aos quatro meses de idade Maria foi diagnosticada com paralisia infantil (poliomielite), uma doença contagiosa que pode atingir crianças e adultos e que tem na vacinação a única forma de prevenção. Nascida em uma família humilde em Santa Maria, no interior do Paraná, ela ficou com uma atrofia parcial no pé direito, o que a obriga a usar uma palmilha especial para atenuar as diferenças no comprimento de uma das pernas. Uma deficiência quase imperceptível, tanto que muitos colegas desconhecem essa condição da servidora.

Embora tenha entrado para o serviço público na cota de deficientes, Maria conta orgulhosa que teria sido aprovada mesmo se concorresse fora do sistema já que, em 2003, a prova foi igual para todos; incluindo o teste de aptidão física que era aplicado à época. Maria lembra ter sido avaliada pela perícia médica da Prefeitura, que atestou sua plena aptidão para exercer a função.

Nesses dezesseis anos de carreira e 49 de vida, Maria Aguiar já atuou em serviços externos, na área administrativa e em outras funções, como na central  de rádio das viaturas da GCM, dentro daquilo que determina as atribuições do cargo.  “Fui secretária de três comandantes e, atualmente, fico na recepção do gabinete da prefeita, Jaqueline Coutinho”, lembrou.

A servidora pública diz que sempre teve uma vida normal e que só sentiu o “peso” da deficiência na adolescência. “Queria usar minissaias, vestidos, shorts, mas ficava encucada com estas coisas. Afinal, exporia as diferenças das minhas pernas e isso deixa qualquer adolescente encucado”, contou aos risos. “Tenho certeza absoluta, que isso me fez mais forte. Deus nunca nos dá um fardo que não possamos carregar”, comentou.

No cotidiano nunca percebeu alguma restrição em relação a ela, ou mesmo postura que pudesse lhe atribuir diferença em relação aos demais. E esse comportamento ela pratica em sua vida. Maria diz que na convivência com vários colegas deficientes, também ela está sempre disposta a ajudar e a, principalmente, tratar como igual. Aliado a isso, o respeito pelo ser humano é sua melhor forma de olhar as pessoas.

Maria diz que hoje fala sobre o seu problema no pé com naturalidade e tem uma vida normal. Lembra que, de certa forma, sua situação traz até algumas facilidades por meio das leis que garantem melhor qualidade de vida aos deficientes físicos, ou dos que têm mobilidade reduzida. Mãe de três filhos e avó do Henrique, de dois anos, Maria Aguiar se considera uma pessoa feliz e realizada pessoal e profissionalmente, justamente,  porque soube superar as adversidades que enfrentou e saiu delas mais confiante e fortalecida.

 

 

 

 

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