Foto: Felipe Pinheiro

Criada na gestão deste governo, a Secretaria de Abastecimento, Agricultura e Nutrição (Seaban), visa a preparação do produtor rural, setor de extrema importância à cidade e a região

Seis e pouco da manhã. Raia o dia na 32ª maior cidade do País. É o começo da rotina de sempre na metrópole. Abrir as janelas, dar a primeira olhada na vizinhança, um cafezinho rápido. No estilo da cidade e bora pro trabalho. Apenas sete quilômetros do centro, no bairro Caputera, José Francisco Sanches Ifanger, 64 anos, acorda por volta das 6h, toma um café preparado num coador de pano, acompanhado por um ovo batido com alho, abre a janela de sua casa, admira a bela paisagem e segue para a roça, onde tem plantado, em meio a uma área de 6,8 hectares, uma diversidade de verduras e legumes. Rotina semelhante a de Pedro Paifer, outro produtor rural cuja área que possui em sua casa, está a menos de um quilômetro do Parque Tecnológico (PTS), um local que reúne 21 empresas, 9 universidades e um instituto de pesquisa na busca por novas soluções em produtos e serviços voltados à tecnologia e inovação que atendam às necessidades da população nos mais diversos setores. Assim é a área rural em Sorocaba, uma cidade de quase 700 mil habitantes, cuja agricultura vive uma simbiose entre o urbano e a vida no campo.

Em meio a uma cidade em constante desenvolvimento e crescimento, com a chegada de novos empreendimentos e condomínios, a área agrícola cultivada dentro do município, ao contrário do que possa parecer, também é expressiva. Para se ter ideia, segundo levantamento in loco feito por pesquisadores do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), são cerca de 12 mil hectares de área plantada no município. As áreas estão espalhadas por diversas regiões da cidade, como os bairros Caguaçu, Cajuru, Green Valley, Itinga, Ipatinga e Caputera. Já a produção atual movimenta ao menos R$10,5 milhões por ano. São 194 propriedades rurais e 768 pessoas que trabalham nessas propriedades, dentre elas agricultores familiares, com produção bastante diversificada, como frutas, hortaliças, grãos… Para se ter ideia, na Capital, o total de área agrícola plantada é de 33 hectares, segundo IBGE.

Na área onde “Chiquinho” mora, como é conhecido José Francisco, são plantados sete variedades de alface, salsinha, cebolinha, rabanete, almeirão, escarola, cenoura, coentro e espinafre. “Aqui eu nasci, cresci, casei e formei família e hoje, posso ver meus netos seguindo mesmo caminho”, disse e completou: “O meu melhor dia é quando passo o dia inteiro aqui [na plantação]. Vejo um por do sol lindo, e vou pra minha casa.”

E Sorocaba, ou melhor, a região central, que fica a cerca de sete quilômetros? “Também é importante na minha vida. É a cidade em que eu nasci. Pra mim é maravilhoso porque eu moro na cidade e não moro na cidade. Tudo que eu preciso, nessa cidade, que não para de crescer, tem a poucos quilômetros. Mas onde eu moro eu tenho paz, silêncio, natureza.”

Diversidade

O bairro Caguaçu hoje se mostra como uma das principais fontes de agricultura de Sorocaba. Nesse bairro se encontram produtores que trabalham no setor há dezenas de anos, já que essa cultura passa de geração em geração. Exemplo é o próprio Paifer, que representa a quinta geração de sua família cultivando legumes e verduras em suas terras. “A minha família, veio da Alemanha para trabalhar na fundição de Ipanema. Aí, desde que a fundição parou de produzir, eles compraram terras e passaram a trabalhar na agricultura. E hoje, meus filhos também já estão produzindo também”, conta.

Auxílio a produtores

Criada na gestão deste governo, a Secretaria de Abastecimento, Agricultura e Nutrição (Seaban), visa a preparação do produtor rural, setor de extrema importância à cidade e a região. De acordo com o secretário Fernando Oliveira, a pasta realiza uma série de ações e projetos que fazem parte do objetivo principal dessa secretaria, que é de agregar valor ao homem do campo para que o mesmo tenha acesso cada vez mais ao mercado de trabalho. “A secretaria trabalha na intenção de conquistar recursos em benefício da agricultura local e assim ampliar a oportunidade de negócios do setor. Estamos desenvolvendo ações e projetos no sentido de fomentar o Turismo Rural em nossa cidade”, afirma.

A pasta possui ainda uma Unidade Municipal de Cadastramento do Instituto de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) para os proprietários rurais que desejem obter informações ou a emissão do Certificado de Cadastro de Imóvel Rural (CCIR). O CCIR é obrigatório para legalizar em cartório a transferência, o arrendamento, a hipoteca, o desmembramento, o remembramento e a partilha de qualquer imóvel rural. É essencial também para a concessão de crédito agrícola, pois é exigido por bancos e agentes financeiros. A Seção de Informação e Acompanhamento do Incra somente neste ano realizou aproximadamente 300 atendimentos a proprietários rurais. A Unidade Municipal de Cadastro Rural funciona junto à Seaban à Rua Frei Galvão, nº 229, na Vila Santana.

Feiras do produtor

Dentro dessas ações, o Jornal do Município de Sorocaba trouxe em sua edição do dia 10 de julho, o Projeto de Lei nº 86/2018 de autoria do Executivo que regulamenta a realização de feiras do produtor rural orgânico e de transição agroecológica. Uma das justificativas é que essa regulamentação possibilite o desenvolvimento da agricultura orgânica no Município, estimulando a relação direta entre o produtor e o consumidor final. “São mais de 20 parceiros cadastrados atualmente entre pequenos produtores e produtores de orgânicos. Temos duas feiras exclusivas de orgânicos, que funcionam no Parque Natural Chico Mendez, todos os sábados das 08h às 12h, e no Mercado Distrital, todas as quartas-feiras das 17h às 20h. Estamos estudando a possibilidade de abrirmos novos espaços de comercialização para esses produtores, o local possivelmente será na Zona Norte de Sorocaba. E temos uma feira do produtor rural que acontece no “Parque Carlos Alberto de Souza”, no Campolim. Todos os sábados das 08h às 12h.

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