Meninas aprendem a andar de skate no Território Jovem João Romão
Por: Mariana Campos – macampos@sorocaba.sp.gov.br
Foto: Emerson Ferraz
Em cima de quatro rodinhas, as garotas sorocabanas receberam o primeiro contato com uma iniciativa municipal inovadora que visa ensinar que mulher pode ser tudo o que ela quiser
Skate é esporte para meninos, correto? Não. Com o objetivo de ensinar os primeiros passos em cima de quatro rodinhas e mostrar que a modalidade também pode ser praticada por garotas, a voluntária Beatriz Vivanco (Bia), de 25 anos, deu uma oficina gratuita de skate no Território Jovem João Romão, um espaço de convivência da Prefeitura de Sorocaba localizado na Zona Leste de Sorocaba. Cheia de diversão e emoção, a aula ocorreu na tarde desta segunda-feira (dia 14), dentro da programação do Projeto “Viva Meninas – Empoderamento e Cidadania”.
Iniciativa municipal realizada pelas Coordenadorias da Juventude e da Criança e do Adolescente, da Secretaria de Desenvolvimento Social (Sedes), o “Viva Meninas” visa empoderar garotas em situação de alta vulnerabilidade, promovendo autoestima, fortalecimento e autonomia, utilizando uma metodologia lúdica, com vivências socioculturais educativas, para mostrar às meninas que elas têm potencial para serem e fazerem tudo o que quiserem.
“Acho muito importante estarmos também aqui no Território Jovem João Romão e oferecer a elas um outro caminho neste contexto de vulnerabilidade social que elas vivem”, destacou a socióloga e educadora Flavia Biggs, coordenadora do “Viva Meninas”. “O skate ainda é masculino, como o futebol, e é um esporte tão positivo e libertador. Quanto mais meninas praticarem, melhor”, afirmou.
Skatista amadora desde os seus 13 anos, a oficineira Bia conta que na sua época esbarrou no preconceito por praticar o esporte, inclusive do seu pai, mas não foi só dele. “A maioria das que pessoas que praticava comigo era menino e eu era bastante hostilizada por eles, que duvidavam da minha capacidade. Quando somos mulheres temos que ficar provando o tempo todo que somos capazes”, enfatiza. Segundo ela, uma de suas inspirações para continuar praticando o esporte veio da brasileira Leticia Bufoni, skatista profissional e um dos grandes nomes entre as mulheres na modalidade. “Foi na mesma época que eu comecei a praticar e ela era mais nova que eu, foi uma inspiração”, comentou.
Skate é esporte para meninas!
Devidamente equipadas com capacete, nesta primeira aula as garotas sorocabanas aprenderam os primeiros passos para andar num skate. Após um alongamento, Bia ensinou exercícios rápidos para elas aprenderem a subir e descer do skate, técnicas para se equilibrar e ainda alguns cuidados para não cair. “Não queremos formar nenhuma profissional. Aqui o skate é utilizado como um objeto de empoderamento das meninas, mostrando para elas que se elas treinarem é possível andar de skate”, explicou.
Isabele Batista, 12 anos, é estudante do 6º ano da E.E. “Professora Ida Yolanda Lanzoni de Barros” e foi uma das alunas que mais se arriscaram nas “manobras” do esporte. Ela estava empolgada: “Estou achando o máximo, já sabia um pouco porque meu pai me ensinou”. A garota mora no bairro Barcelona e quis participar do “Viva Meninas” exatamente por causa desta aula e estava bastante satisfeita com a vivência.
Sobre o preconceito por ser mulher, mesmo ainda adolescente, Isabele é totalmente consciente das dificuldades do gênero, mas não se importa. “O pessoal me criticava também quando eu jogava futebol, mas eu nem ligo. Sei que posso fazer o que quiser. Se um homem pode, eu também posso”, declarou. No TJ João Romão ela ainda pretende fazer aula de capoeira.
Quem também participou da oficina foi Amélia de Fátima, 13 anos, moradora do João Romão e também estudante do 8º ano da E.E. “Professora Ida Yolanda Lanzoni de Barros”. “Achei tudo muito legal, tirando os tombos que levei, que foi uma meia dúzia”, brincou. Assim como Isabele, ela já tinha andado de skate, mas estava traumatizada desde que quebrou um dente, quando tinha 4 anos, e depois disso nunca mais praticou.
Ela também não se importa com o preconceito: “Não dou bola. Já fiz Jiu Jitsu e todo mundo me criticava, só parei de praticar porque o local que eu frequentava fechou”, contou. Sobre sua oficina favorita do “Viva Meninas” ela já elegeu a de Guitarra, que vai ocorrer nesta sexta-feira (dia 18) e será ministrada pela Flavia Biggs. “Não perco por nada”, garantiu. Além de participar do projeto, Amélia está fazendo aula de pintura e capoeira no TJ.
Vivências continuam até o dia 24
O “Viva Meninas” continua no TJ João Romão até o dia 24 de março, de segunda a sexta-feira, das 14h às 17h. Cada menina participará ao todo de dez encontros consecutivos, de segunda a sexta-feira, das 14h às 17h, com oito vivências socioculturais educativas. Elas ainda terão aulas de Estêncil, Imagem e Identidade, Fanzine, Guitarra, Fotografia Criativa, Fotografia Instantânea e Vídeo Experimental.
As garotas entre 12 e 16 anos podem se inscrever no TJ, que funciona de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h, e está localizado na Rua Adelino Scarpa, 60. Mais informações pelo telefone (15) 3234.1025.
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