Sorocaba, a terra de oportunidades

Por: Gabriel Lara/ Laura Souza (programa de Estágio) - Supervisão: Bia Negrão

Há quem diga que traçar desafios faz as pessoas mais fortes, mas quando o obstáculo é mudar de cidade, cultura, e se encontrar em outro ambiente, a situação fica ainda mais desafiadora. Sorocaba recebe diariamente, milhares de novos munícipes que vem de todas as partes do Brasil e do mundo à procura de uma condição de vida melhor na cidade.

Maria Dorotea Marques de Souza é um desses exemplos, a senhora de 72 anos, que veio do interior de Minas Gerais quando tinha aproximadamente 34 anos, precisou tentar a vida em Sorocaba por conta da transferência de emprego de seu marido. Apesar de ter um começo turbulento, ela vive aqui até hoje com seus filhos e netos. “Eu me mudei para Sorocaba no ano de 1985. Tive que deixar tudo para trás por conta do trabalho do meu marido. Naquela época ele trabalhava no banco e eu ficava com as crianças” lembra ela. Dorotea conta que a cidade trouxe grandes oportunidades para sua vida, coisas que, segundo ela, não poderia ter em sua cidade natal Brazópolis, no interior de Minas Gerais. “Quando eu cheguei em Sorocaba, fiquei surpresa com o tamanho da cidade, e olha que aquela época era tudo diferente! Achei muito bom poder morar perto de tantas coisas e poder ter mais oportunidade de vida aqui, tanto para mim quanto para os meus filhos. Todos vieram comigo pequenos, cresceram aqui e criaram suas raízes na cidade, perto de mim”, finaliza.

Também existem aquelas pessoas que vieram de longe, precisamente do sul do país, como é o caso da senhora Conceição Aparecida da Silva Lima, 52 anos, e do senhor José Francisco de Lima, de 59 anos. Eles são casados e vieram da cidade de Siqueira de Campo, localizada no Paraná. Antes o casal trabalhava no sítio com plantações, mas todos tiveram que mudar de vida pela condição financeira em que se encontravam. “A gente não tinha uma condição fixa vendendo nossos produtos das plantações, alguns meses a colheita era muito boa em outros a gente não conseguia quase nada. Quando nossos filhos nasceram a situação ficou mais apertada e tivemos que optar por mudar de cidade,” ressalta Conceição.

Eles ficaram sabendo de Sorocaba por familiares que já tinham se mudado pra cá a procura de estabilidade financeira, foi com esse estalo que Conceição e sua família decidiram acompanhá-los. Na época, ano de 1990, ela tinha 23 anos e já estava com três filhas para criar. “Quando cheguei aqui, meu marido já tinha conseguido um emprego na área da indústria, isso fez com que ele tivesse que ficar com a parte das contas. Minhas filhas ainda eram muito pequenas, por isso eu trabalhei até o começo de 2000 como diarista, para conseguir dar mais atenção a elas. Logo depois, consegui um emprego no Hospital Teixeira Lima e em 2005 mudei para a área da indústria, assim como meu marido. Trabalhei lá por mais 11 anos e agora estou aposentada e recebemos o aluguel de algumas casas nossas”, conta ela. Conceição ainda lembra que Sorocaba foi uma grande oportunidade na área de estudos para ela. “Eu só tinha estudado até a quarta série e meu marido também. Quando nossas filhas cresceram, aproveitamos a oportunidade para fazer supletivo e terminar o ensino médio. Estudos também são importantes para nós”, finaliza Conceição.

São inúmeras as histórias de pessoas que escolheram Sorocaba para viver, como Maria Célia Brito Amorim que também faz parte da população que decidiu vir de longe em busca de melhores condições financeiras. Aos 17 anos, Célia ainda morava na zona rural de Paragominas, sudeste do Estado do Pará. Ela conta que as condições eram difíceis, já que sua família de nove pessoas precisava sobreviver com uma renda baixa que vinha da produção agrícola. Foi no ano de 1993 que ela decidiu tomar um novo rumo para sua vida. “Juntei por dois anos o dinheiro para a viagem de ônibus. Aí fui para a casa de uma prima, que morava com o marido, eles trabalhavam de cuidadores de uma chácara”, conta ela. Aos 43 anos, com 6 filhos, ela narra uma história de adaptação em uma nova cidade. “Me senti uma formiguinha”, conta sobre suas primeiras sensações. Logo que chegou, conseguiu o trabalho de auxiliar de cuidadora, vivendo com sua prima, mas já passou por outras acomodações, como quartos em pensões. Hoje Célia mora em sua casa própria e trabalha em sua área de formação, técnico de enfermagem. Apesar da saudade da família que ainda vive no norte do Brasil, “sempre foram de dar valor às pessoas e se reunir com parentes, era uma alegria enorme”, Célia diz que prefere viver em Sorocaba pelas condições que teve para criar seus filhos.

Atualmente, cerca de 3.200 haitianos residem em Sorocaba que, por meio da Secretaria de Igualdade e Assistência Social (Sias), recebem ajuda com toda a parte burocrática, desde documentos à articulação para permanecer no país de forma correta. Além de terem direito a usufruir de todos os recursos que a Prefeitura de Sorocaba oferece, como o atendimento das unidades do Centro de Referência em Assistência Social (CRAS) e das unidades de atendimento em saúde, como as UPHs, UBSs, Capes e a Policlínica.

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