UBS Aparecidinha faz festa de casamento para idosos
Por: Esdras Felipe Pereira (Programa de Estágio) Supervisão: Tânia Franco – ttferreira@sorocaba.sp.gov.br
Foto: Felipe Pinheiro
Pedro, 81 anos, e Alaice, 61, estão juntos há 20 anos e são atendidos na unidade. Só nesta semana, porém, puderam formalizar a união no civil.
“Não é qualquer mulher que é uma companheira assim.” A declaração do aposentado Pedro Sanchez Moreno, 81 anos, reflete o amor dedicado há 20 anos a também aposentada Alaice, 61. Embora estejam juntos todo esse tempo, só na terça-feira (25) ela pôde “ganhar” o sobrenome dele, após a união ser formalizada no civil .
Por serem atendidos na Unidade Básica de Saúde (UBS) Aparecidinha, a equipe de saúde decidiu celebrar o casamento e organizou, nesta quarta-feira (26), uma festa para o casal – com direito a marcha nupcial e regada a comes e bebes. “A gente não vê um sem o outro. Eles estão quase que diariamente aqui na unidade”, contou a coordenadora, Lidiane Schutzes.
Assim que chegou à unidade, Alaice logo foi levada a uma sala onde se arrumou com a ajuda das funcionárias. Foi maquiada, perfumada e colocou um bonito vestido. “Eu pedia a Deus por esse momento”, declarou, sob expectativa do encontro com o marido.
Alaice estava pronta. O marido também, a sua espera, com um charmoso terno preto, gravata e um chapéu despojado na cabeça. A marcha nupcial, enfim, tocou. “Ela está bem mais bonita que eu”, disse Pedro enquanto a esposa, aparentemente tímida e com os nervos à flor da pele, carregava o buquê com as mãos trêmulas.
Quando se beijaram a emoção e os aplausos foram unânimes na sala montada para a celebração do casamento. “Eles mereciam tudo isso. São muito conhecidos na comunidade. Aqui, a gente faz saúde dessa maneira também, pensando no bem comum de todos”, afirmou a coordenadora da UBS.
A história
Pedro e Alaice se conheceram há 20 anos na Paróquia Santo Antônio, em Sorocaba. Ela garante que foi amor à primeira vista, o que é confirmado por ele. A aposentada, nascida no Paraná, morava à época na Vila Barão, com o irmão. O agora marido precisou pedir a aprovação do relacionamento. “O irmão dela gostou muito de mim. Então eu logo trouxe ela para morar comigo”, contou Pedro.
A casa dos recém-casados fica numa área rural em Aparecidinha. Muitos podem até estranhar o tempo de duas décadas para que, finalmente, a união fosse formalizada. Acontece que Pedro ficou viúvo pouco antes de conhecer a atual esposa. Os trâmites necessários para conseguir se casar novamente demoraram. Por outro lado, Alaice perdeu seus documentos e só tirou os novos há cerca de dois meses, no Centro de Referência da Assistência Social (Cras) do bairro.
A enfermeira Grasiele Goes, da Estratégia em Saúde da Família (ESF), e que atende a área onde o casal vive, revelou que Alaice é das mais ciumentas. “Ela fica enciumada até quando a gente vai examinar ele”, brinca. Com a aliança dourada reluzindo no dedo, a aposentada não esconde o rótulo: “Sou ciumenta mesmo. E agora ele é só meu”.
O sobrinho de Pedro, Cláudio Rabano Sanchez, 69, acompanhou a celebração do casamento na UBS. Nesses 20 anos de união – até então não documentada -, foi uma das principais testemunhas do amor do casal. “Moro do lado da casa deles. É uma alegria vê-los casando, porque era um desejo dos dois. Eles merecem, pois são pessoas simples e humildes”, comentou.
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